quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Brasil, o país do braço forte e da cabeça fraca

Analisando a lei 9279 sobre marcas e patentes e conversando com minha advogada amiga sobre meus interesses, cheguei a conclusão de que esse país ainda precisa mudar muito para de fato decolar:

Você pode registrar tudo, exceto o que de fato é propriedade intelectual; se for produzir algo, registra-se, mas se for uma pesquisa que criou uma nova metodologia ou modelo de negócio, um estudo que criou um novo processo... perdeu, playboy. Ah, desculpe, cientista, pesquisador, intelectual, filósofo e tantos outros mais que não tem seu valor reconhecido, simplesmente porque produzem bens intangíveis - cujo impacto econômico pode superar e muito os da criação dos bens tangíveis.

Regras de um novo jogo inédito e revolucionário? Não pode. Novo modelo de negócios convergindo conhecimentos de áreas distintas que quebra paradigmas? Não pode. Metodologia pioneira? Não pode.

Descoberta de um novo princípio? Essa então se tem a cara de pau de afirmar de que como é da natureza sempre esteve lá e pertence a todos; mas, peraí, alguém com estudo e observação revelou o pseudo-óbvio para o restante da humanidade, não há de levar crédito?

Quer dizer que então só porque as maçãs sempre caíram que Newton não pode registrar sua vital descoberta? Séculos de existência humana e ninguém chegou a esta conclusão e querem me convencer de que isto não vale para o ser que se deu ao trabalho de descobrir isto?

Mas se produzir uma caneta levemente distinta, pode patentear, inclusive se a mudança for somente no nome.

Remunera-se a reprodutibilidade e não a originalidade, refém de contratos e da (boa) fé dos negociadores.

Em suma: o Brasil é um país que tem ótimas cabeças pensantes, mas que as deixa ao vento, enfraquecendo-as, perdendo seus reais valores e deixando de incentivar pesquisa e desenvolvimento. Se o que vale é a produção, estamos cada vez mais competindo por preço e não por valor.

Logo aqui, onde o 'jeitinho' tem todo potencial de se tornar um jeito novo de se fazer negócios. De se repensar métodos, de inovar em metodologias; está na hora de amadurecer nosso olhar malandro em um olhar sábio de quem pode dar um jeito na coisa toda.

Ginga, inteligência e fibra a gente tem. Só falta lei e incentivo. Ou os convites do exterior continuarão levando os melhores pensadores para longe desse solo fértil, da pátria amada, Brasil.

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