sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Contemplar o caroço do limão em busca da sustentabilidade

Repararam como os limões não vêm mais com caroço?

O avanço genético em si do objeto exterior e a conseqüente mudança de sua natureza podem até não ser ruim, mas nosso desenvolvimento interior não acompanhar esta erradicação daquilo que aparentemente nos atrapalha é o que preocupa - devemos nos lembrar que o caroço deixado de fora serve naturalmente à procriação e perpetuação para dar mais frutos e alimentar o ciclo da vida. Quando se retira o caroço, se rompe o ciclo que continuará genética e artificialmente induzido para dar mais frutos.

(A reflexão disto poder ser o que perpetua o samsara - a lapidação e elevação da alma - não se encaixa na proposta deste blog, mas é válida e seguirá aqui evidenciando o azedo do amor, que entendo como principal via de sustentabilidade.)

Sem observar a verdadeira natureza das coisas - que traz em si os opostos complementares cuja união é viabilizada pelo entendimento de tal complementaridade enraizada na tolerância - corremos o risco de não observarmos como carregamos em nós mesmos opostos complementares e a necessidade de (n)os harmonizarmos sempre com o intuito do progresso e melhora de ambas as partes que formam o todo e que apenas juntas são capazes de evoluir: sem excessos, sem radicalismos, com tolerância e equilíbrio.

Se o humano conseguir focar na lapidação interior mesmo sem os referenciais exteriores, ótimo termos limões sem caroço: quem não gosta de conveniência?

Mas temo que a conveniência externa leve à alienação interna no comodismo e à falta de reflexão geral e conseqüente estagnação na jornada pessoal.

Ou, pior: ao entendimento de que uma melhora acontece apenas com a erradicação daquilo que aparentemente é diferente ou apenas não-conveniente. Tanto no nível interno quanto no externo isto representaria um desastre eco-socio-psicologico e levaria a um desequilíbrio no desenvolvimento sustentável individual e coletivo. Não se evolui erradicando simplesmente as coisas.

Fazer do limão uma limonada já não será mais para o caminho da sustentabilidade um diferencial em si e muito menos uma lição. Aprendizado para que se daqui a pouco o limão já virá adoçado?

E as futuras gerações acharão que bife nasce embalado, fruta em caixinha e plástico some com o barulho do caminhão de lixo. Tudo fácil, sem esforço. Tudo homogêneo, sem contraste. Tudo, menos vida.

É só por isso que eu, quando faço minha limonada, ainda sonho em encontrar um caroço. O desejo de saber que o ciclo evolutivo estará naturalmente garantido e não artificial e geneticamente induzido.

Fors fortuna,

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Necessidade de processos na democracia

Democracia sem estruturação processual acaba levando a perda de eficácia e a uma natural concentração desorganizada/desestruturada de forças para surprir a falta de fluidez - uma rede somente tem sustentabilidade com equilíbrio, harmonia e equanimidade.


E é através da equanimidade que nasce o Amor, do Amor a compaixão e da compaixão o regozijo. São as quatro qualidades incomensuráveis budistas servindo de alicerce para o desenvolvimento sustentável.


Fors fortuna,