Do comentário do amigo, companheiro docente e co-militante da área digital Marcelo 'Celo' Santos - que colaborou alguns posts atrás - surgiu a seguinte reflexão que compartilho abaixo.
Primeiro o comentário dele sobre o post referente ao caroço do limão, depois o texto que acabei por desenvolver numa despretenciosa resposta, mas que julguei dentro de minha visão limitada digna de ser compartilhada neste espaço e não escondido no rodapé como comentário de outro post.
--- início/comentário ---
Klaus!Muito pertinente sua reflexão, adorei! Pensei duas cositas... O hedonismo egoísta que tanto ocupa minhas reflexões tem muito a ver com o limão que vem açucarado, sem caroço, sem obstáculos ao prazer puro e gratuito - ou melhor, trocado por dinheiro. Outra coisa é a desconexão com o mundo real, a matrix mesmo, em que o sujeito já não sabe suas raízes íntimas. Quem não pensa na origem do que come, como pode pensar nos efeitos de suas ações? >> passo fundamental para a conscientização em busca da sustentabilidade biológica.
--- fim/comentário ---
Celo!
Como sempre uma sinergia somatória.
Concordo, acho que é bem por aí.
Acrescentaria que há um desequilíbrio dentro do desequilíbrio - tal qual Marx versava sobre o capitalismo, até porque baseado nele -, explico: o hedonismo egoísta está rumando para esferas tão extremadas que a meu ver eclodirá, pois chega a limites onde não se aceita nem mais trocar o dinheiro por prazer; quer se ter prazer sempre e sempre se dar bem, não gastando nada por isto (não sei se este é um fenômeno cultural da terra dos malandros, ou se pode ser aplicado em esfera global - o que achas?).
Todavia, vale a reflexão de que com esta ruptura dentro da ruptura possa sobreviver aquilo que possibilita inicialmente o prazer sem custo aparente ou drasticamente reduzido: o open source, o crowdsourcing, enfim e sem termos técnicos, a união das pessoas em torno de um 'bem' comum.
Mais ou menos no esquema da saturação do doce, que deixamos de comer ou da bebida que após inúmeros porres passamos a abdicar, sem contudo deixar de comer ou beber - e se divertir e ter prazer; agora, de forma mais equilibrada. E compartilhada.
Antes alarmista, após estudar a evolução da comunicação nos 360 séculos, vejo tudo de maneira mais contemplativa e calma, entendendo os ciclos e tentando humildemente apontar os pontos de saída da roda que nos levariam à supremacia do viver, alcançando-nos a eternidade.
Eternidade esta somente possível no pensar, falar e agir sustentável, onde origem, meio e fim são pontos-chave dos ciclos de consciência em desenvolvimento contínuo, progressivo e sustentável - por dentro, mas necessaria e paradoxalmente fora e acima da matrix - do samsara.
Maravilha poder trocar contigo mesmo e apesar da distância - sem essa parte da matrix isto poderia não acontecer de maneira tão intensa, levaria muito mais tempo até lermos nossas cartas, publicarmos para compartilhar com outros, receber destes contribuições, compartilhar novamente.
Mas poderiamos também estar vendo pornografia, roubando senhas, hackeando sites, vendo BBB ou vendo vídeos de pum no youtube.
O que se faz com a evolução determina se continuaremos a evoluir como indivíduos e como coletivo.
Como sempre é tudo uma questão de escolha, uma questão de livre arbítrio - fundamental em um época onde estamos cada vez mais onipresentes e oniscientes. (Penso em um 'artigo', esboço de um texto que escrevi há quase 5 anos entitulado 'Eram os deuses internautas' e cogito publicá-lo aqui, mas não sem antes relê-lo criticamente, afinal, amadurecemos e evoluimos neste período)
E é por isto, pela cada vez maior possibilidade de escolha e da proximidade mesmo que virtual, que vejo que estamos chegando a um desses "tipping points": para onde rumaremos, qual 'energia' prevalecerá dependerá da decisão de cada um.
E cada um é uma estrela nessa imensa constelação do universo - digital e real ao mesmo tempo, afinal, panta rhei na física quântica.
Fors Fortuna,
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domingo, 15 de fevereiro de 2009
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