Participei recentemente do Fórum de Sustentabilidade da ABA - Associação Brasileira de Anunciantes - fato que rendeu post aqui.
Hoje foi a vez de participar de uma reunião no Jardim Botânico organizada pela ONG Terra Una que tem uma interessante proposta de vivência através do curso "Educação Gaia" que faz parte do grupo GEN - Global Ecovillage Network.
O curso é dividido em módulos, na seqüência: social, ecológico, econômico e, por fim, visão de mundo.
Aqui reside minha primeira crítica: se vai ter um módulo de visão de mundo que julga ser 'quebra de paradigma', tem que vir antes de falar das novas relações sócio-ecológico-ambientais, até para contextualizar e embasar.
Aliás, falou-se muito da vivência em comunidade, na relação das vilas, em vivências, em relações, mas nada explícito sobre Triple Bottom Line ou algo parecido, buscando a aplicação (na) prática.
Quando perguntado sobre 'como tudo isto se aplica nas empresas e suas culturas' a resposta foi vaga e claramente não focada. Tudo bem que este não é o enfoque, mas com as pessoas e a sociedade refém das marcas e empresas deixar isto de fora do escopo me parece um equívoco. A ajuda de um membro da organização da platéia tampouco colaborou: "atuamos em pessoas que são os clientes das empresas, sua maior força".
Sim, mas isto não me parece suficiente: 60 formados por ano não conseguem reverter um quadro nem de um nicho da indústria, quiçá de toda uma cidade se não tiverem técnicas de aplicação prática e viralização. Falta aqui talvez um pouco da pegada da comunicação e marketing para alavancar as coisas. E falta talvez um pouco disso na comunicação e marketing para sustentar as coisas.
O que promete é a parte do curso ministrado pelo professor Evandro Ouriques que falará sobre seu Quarto Bottom Line, a Gestão da Mente Sustentável. Acredito de fato que este é o único caminho para verdadeiramente mudarmos o rumo das coisas.
E penso que se deva fazer isto com acionistas de empresas e políticos. Focar no cidadão é filtrar gotas no oceano da ilusão. Se assim se chega lá, lógico. Mas não sei se temos de fato este tempo. Temos que atingir os formadores de opinião, pois até conseguirmos mobilizar uma massa crítica pode ser tarde demais.
"Ah, mas já tem muito mais pessoas mais conscientes", diria o otimista. Sim, mas nem todas as pessoas conscientes são coerentes e abrem mão de seus hábitos de fato. Canso de ver gente falando de sustentabilidade e devorando carne aos montes. Radical eu? Não, coerente. A carne, só para citar um exemplo, é uma das maiores vilãs da emissão de gases, do desmatamento, do consumo de água - tudo isto já vimos em posts passados.
Fato é que este grupo está de parabéns porque proporcionar vivências é algo fundamental na reformulação de nosso cotidiano, bem como seu empenho em realizar algo que não seja 'mainstream' dá gosto de se ver e compõe a mandala de ações necessárias para tratar do tema sustentabilidade na sociedade.
Eu não farei o curso, pois este segundo semestre será puxado e penso que deva haver tempo para se dedicar plenamente. Mas, em suma, recomendo.
E recomendo também e principalmente - e este era o intuito inicial deste post - que as partes se falem.
Não adianta querer tratar de sustentabilidade isoladamente. Os grupos econômicos devem se abrir para as vivências do pessoal, digamos, mais alternativo e estes tem que entender a dinâmica interna das empresas, até para poder propor vivências constantes, pois deve haver uma prática de sustentação, sem a qual se recai nos velhos hábitos e amarras do cotidiano. É preciso trabalhar em conjunto. E urgente.
As ferramentas econômicas devem interagir com as sociais (RH) e ecológicas, moldadas pela transformação de nosso pensamento em alinho com nossa ação. Sustentabilidade não pode ficar isolada no discurso, refém de sua própria torre de marfim, deve permear toda organização capilar e estrategicamente.
Sustentabilidade se faz em rede. A começar pela nossa própria rede neuronal.
FORS FORTUNA,
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sexta-feira, 24 de julho de 2009
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